quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Há pessoas que me desiludem. Muito.

E eu também não sou perfeita.

Mas para essas pessoas...

E como diria Fernando Pessoa:

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

sábado, 30 de outubro de 2010


“O destino costuma estar ao virar da esquina. Como se fosse um gatuno, uma rameira, ou um vendedor de lotaria: as suas três encarnações mais batidas. Mas o que não faz é visitas ao domicílio. É preciso ir atrás dele.”

in A Sombra e o Vento, Carlos Ruiz Zafón

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

RAIOS!


Nem sei porque corremos. Nunca saímos do mesmo lugar. E ainda assim, tropeçamos.
Caímos.
Batemos com o nariz no chão.

E dói tanto.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A solução é mudar de planeta!

Life On Mars


It's a God awful small affair
To the girl with the mousey hair,
But her mummy is yelling, "No!"
And her daddy has told her to go,
But her friend is no where to be seen.
Now she walks through her sunken dream
To the seats with the clearest view
And she's hooked to the silver screen,
But the film is sadd'ning bore
For she's lived it ten times or more.
She could spit in the eyes of fools
As they ask her to focus on

Sailors
Fighting in the dance hall.
Oh man!Look at those cavemen go.
It's the freakiest show.
Take a look at the lawman
Beating up the wrong guy.
Oh man!
Wonder if he'll ever know
He's in the best selling show.
Is there life on Mars?

It's on America's tortured brow
That Mickey Mouse has grown up a cow.
Now the workers have struck for fame
'Cause Lennon's on sale again.
See the mice in their million hordes
From Ibeza to the Norfolk Broads.
Rule Britannia is out of bounds
To my mother, my dog, and clowns,
But the film is a sadd'ning bore
'Cause I wrote it ten times or more.
It's about to be writ again
As I ask you to focus on

Sailors
Fighting in the dance hall.
Oh man!
Look at those cavemen go.
It's the freakiest show.
Take a look at the lawman
Beating up the wrong guy.
Oh man!
Wonder if he'll ever know
He's in the best selling show.
Is there life on Mars?

(David Bowie)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O Deus que faz vénias!

Sim ! Valeu a pena ir nos dois dias de concerto.

Certamente teria perdido isto:


quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O Silêncio...


É uma voz que, como todas as outras, não tem olhos e, por isso, sozinha, não sabe exactamente onde está.

José Luís Peixoto

Gostava de ter escrito isto....

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

90+100+600



Eles caem mas não fogem,

suam e não desistem,
entendem o tempo,
fazem parte do seguinte, normal de ser,
ou não.

Eles são aqueles desajeitados,
envergonhados pelo desejo de começar de novo,
e depois comovem-se e perdem o gosto.

São falas arrastadas mas argumentos definidos,
são capítulos empobrecidos,
eles são números.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Preciso!


preciso da eterna coragem de subir
de descobrir até onde vai o que me move.
que a minha coragem se mostre
de ser e fazer
e que as minhas costas
que me protegem
também me aguentem
e me façam olhar sempre em frente
antes de tudo.
é o que eu preciso!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Vícente!



Um reflexo de memória!

O renascimento da eterna vontade...

Uma homenagem justa!

Bem vindo, muito bem vindo!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Coisas minhas

Um texto

A fidelidade (...) é a mais integral de todas as virtudes humanas. O homem participa numa batalha e, sem a fidelidade, não conhece a sua luta; apenas usa da violência, interpreta uma vontade, é instrumento de uma opinião. A fidelidade move-o desde a sua origem, é a primeira condição da consciência. Não se efectuam coisas novas sem fidelidade. Não se engrandece a piedade ou se priva com o mais simples sentimento, sem a fidelidade. Uma acção progressiva tem que ter raízes tumulares, raízes naquilo que encerrámos definitivamente - uma era, um conhecimento, uma arte, uma maneira de viver. A fidelidade, disse eu, assegura-nos o tempo de criar e o tempo de destruir o que se tornou inconforme à imagem do homem. Nada é digno de valor, sem fidelidade.[Agustina Bessa-Luis]

Uma frase

As grandes tempestades não duram muito assim como as grandes felicidades não são eternas.[proverbio judaico]

Um momento



Uma musica


Um livro



Um filme

terça-feira, 30 de março de 2010

Uma história de medo e liberdade



Esta história contou-me uma gata já velhota com quem costumo ter longas conversas:

Andava um grande e fortalhaço gato vadio, vadiando por aí, nas suas andanças de gato sem dono, quando ao saltar para o varandim de uma janela deu de caras, que é como quem diz, deu de focinho com bico, com um pequeno e frágil passarinho dentro de uma gaiola.

Todos os animais reagem por instinto mas este gatarrão por se tratar de um gato vadio de nascença tinha o instinto natural em estado puro. O seu instinto dizia-lhe que tinha muita fome que aquele passarito apesar da aparência frágil seria suficiente para lhe acalmar a dor no estômago pelo menos por mais um dia.

Deu duas voltas à gaiola com passo lento de felino.

Mirou o pássaro com ar guloso enquanto lambia os beiços.

Astuto bastou-lhe mais uma volta à gaiola para descobrir a porta.

Parado em frente à entrada da gaiola olhou para o passarito e o seu estômago roncou ruidosamente fazendo o gato pensar que tinha de descobrir rapidamente uma maneira de abrir aquela porta para devorar o periquito azul e assim por fim à terrível sensação de fome.

Dentro da gaiola o passarinho tinha petrificado de pavor. Parecia uma estátua sem vida, Totalmente estático em cima do poleiro. Apenas um movimento era visível, as penitas azuis claras do seu peito agitava-se para cima e para baixo deixando adivinhar a força com que batia o seu pequeno coração.

O gato, por ser gato, não prestou a mínima atenção ao medo do pobre passarito.

A sua atenção estava centrada em matar a fome e acabara de encontrar alimento, isso era o que realmente lhe importava.

Vou conseguir abrir esta porta e é já!Pensou confiante.

Ou eu não me chame Minhanhinhau, se não abro esta porta num piscar de olhos!

Assim pensou melhor o fez, levantou a sua grande pata e deitou a gaiola ao chão.

Tomado pelo pânico o passarito desatou a esvoaçar como um louco batendo de um lado para o outro contra as grades da gaiola.

O gato que até era um gato já vivido nunca tinha visto nada assim.

Olhou o passarito com ar incrédulo e perguntou-lhe:

Olha lá o bicharoco das penas, que parvoíce é essa que estás a fazer?

O pássaro não respondeu e continuou pumba, catra pumba contra as paredes da gaiola mostrando-se cada vez mais agitado.

Miau! Berrou o gato:

És surdo, ou quê ó pitéuzinho bom?

Que raio de coisa é essa que estás a fazer, praí a bater feito tonto com a cabeça nas grades?

Responde ó ave rara!

Se não respondes imediatamente como-te já.

Ouviste?

Olha que é já mesmo!

Responde imediatamente. Disse o gato ameaçador.

Com medo de ser de imediato comido o passarinho lá voltou a pousar no poleiro e tremendo como varas verdes lá soltou um piu muito sumidito do pequeno bico amarelo:

Piu, piu. Tenho medo! Tenho muito medo que o Sr. Gato me coma.

Olha lá para mim. Disse o gatarrão enchendo o peito de ar.

Olha-me bem, meu minorca!

Então tu achas que eu tenho focinho de parvo ou quê?

Quer dizer, tens medo que eu te coma e a tua solução é partires-te tu todo contra as grades da tua casa. E estás à espera que eu acredite nisso?

Piu, piu, mas é verdade. Respondeu o passarinho com as penas caídas, a cabecita para baixo e o ar mais honesto, amedrontado e infeliz do mundo.

É pá, é pá, prontos, já vi tudo, és um medricas, um bichinho da dona e perdes completamente a cabeça quando algo te assusta, não é o meu pirralho azulado?

Hehehehe! Ria o gato.

Hehehehe! Tanto riu que acabou rebolando no chão com as patas agarradas à barriga que já lhe doía de tanto se rir.

És um daqueles tótos que conta com a dona para tudo e não te sabes safar de nada sozinho não é?

Aposto que já nasceste nesse espaçozito, todo bonitinho mas minúsculo não? Perguntou.

Já, já nasci aqui, não conheço mais nada, nem nunca sai desta casa. Disse o pássaro envergonhado.

Olha lá ó tigelinha de alpista e que nome tens tu? Perguntou o gato.

O meu nome é Azulinho. Respondeu o periquito.

O teu nome é o quê? Miou o gato com os olhos muito abertos de espanto.

Azulinho!

Azulinho!

Azulinho! Repetiu.

Ai, desgraçado!

Ai, coitadito!

É pá com um nome desses só podias mesmo ser um passarito todo bétucho.

Hehehehe! Deixa-me rir antes que me esqueça. Gargalhava o gato engasgando-se de tanto rir.

Azulinho!

Heheheheh!

Olha lá ó azulinho, vê lá se te acalmas, qu’é para ver se conseguimos ter aqui uma converseta, ok? Disse o gato.

Respiras fundo e tal, essas coisas que se fazem para um gajo se acalmar está bem? Disse o gato tentando ser atencioso.

Eu estou a tentar acalmar-me, juro, mas promete que não me comes, por favor. Promete que não me comes, prometes? Pediu o passarito.

Não prometo nada, népia, neribi, era só que faltava.

Sou gato e o natural é comer-te.

Até já o devia ter feito em vez de estar para aqui a tagarelar feito gata com um passareco de meia tigela, mimado e artolas.

Nem me estou a reconheceu, ouviste ó patareco.Mas estás-me a dar pena, tás a ver?

É estranho, mas já nem apetitoso me estas a parecer. Miou o gato zangado consigo mesmo.

Ouves o meu estômago a roncar? Perguntou.

Ouço sim, coitado de ti, tenho muita pena. Respondeu o passarinho.

Pois este barulho é fome! Informou o gato.

Coisa que tu minha coisita mimada nem deves saber o que é.

Sabes quando foi a minha última refeição?

Eu digo-te. Foi ontem de manhãzinha, os restos da papa de um miúdo mimado como tu que tem tudo do bom e do melhor mas teima sempre que não quer comer, imagina.

A mãe bem tenta, mas ele cospe, deita fora, faz birras, uma verdadeira vergonha!

Claro que muitas vezes é a minha sorte.

A minha e de outros como eu.

E olha que há praí muito gato esfomeado.

E não é só gatos.

Também há muitos cães e cada vez mais pessoas.

A mãe do puto, coitada, vem sempre toda chorosa deitar os restos num caixote do lixo que fica no pátio da casa, eu que já topei isso vou lá regalar-me.

Bem boa aquela papa.

É feita com leite e é muito docinha.

Não entendo porque é que o miúdo nunca come a papa toda.

É como tu, não sabe o que é ter fome.

Se passasse fome um dia ia ver como é bom ter de comer.

Ainda por cima comidinha boa e dada pela mãe, uma senhora tão bonita e simpática e que parece gostar tanto dele. Disse o gato revelando alguma tristeza.

A tua mãe não te dava comida? Perguntou o passarinho.

Não, não dava. Respondeu o gato.

Ou melhor, deu enquanto pode, mas foi pouco tempo.

A minha mãe morreu envenenada por um casal de pessoas más que não a queriam lá no quintal deles, ela coitada só queria um sítio seguro para me ter a mim e aos meus irmãos. Nascemos 7 mas o mais pequenino morreu logo.

Ainda mamámos o leite bom e quentinho da minha mãe uns dias mas depois os donos da casa descobriram a nossa família e envenenaram a minha mãe e atiraram-nos a nós, os 6, para um terreno baldio. Devem ter achado que morríamos de frio e fome e assim nem tinham o trabalho de nos matar.

Mas os gatos tem 7 vidas sabes?

Lá nos fomos desenrascando até aparecer um gato mais velho que nos ensinou a caçar ratos e a procurar no lixo das casas mais ricas as coisas boas que eles deitam fora.

E como vez cá estou. Não sou gordo porque não como muito, mas muito forte e elegante.

As gatas gostam de mim por causa disso.

Levanto bem o pescoço e ando assim, tás a ver?

Olha para isto. Dizia o gato enquanto se punha a andar de um lado para o outro todo pomposo.

Sei que tenho uma bonita postura.

E sou muito corajoso.

Luto pelas gatas com unhas e dentes sempre que é preciso.

As gatas adoram isso. Disse o gato voltando a fazer pose.

Olha lá, já vi que és um gato bom e corajoso mas és muito vaidoso. Riu o passarito.

Claro que sou! Respondeu o gato também a rir.

Se eu não me achar o maior as gatas também não vão achar, é ou não é ó peninhas?

Sei lá se é. Disse o passarinho.

Não sei nada de gatas, nem sei de periquitas quanto mais de gatas.

Eu nasci nesta gaiola e também estive pouco tempo com a minha mãe. Um dia levaram a minha mãe e os meus irmãos e deixaram-me aqui sozinho. Nunca mais vi nenhum periquito e tu és o primeiro bicho que vejo. Só sei que és um gato porque já tinha visto outros como tu naquela caixa chamada televisão e ouvi os miúdos cá da casa apontarem e dizerem que era um gato.

E tu já tinhas visto um periquito? Perguntou o pássaro curioso.

Se queres que te seja sincero, até já comi um, são bons vocês, não tem muito que se coma e dá trabalho livrarmo-nos de tantas penas mas lá que são saborosos são, um verdadeiro pitéu.

Ai, meu Deus? Disse o passarinho voltando a perder a calma

Se comeste e gostaste tanto também me vais comer a mim.

Calma ó medricas emplumado! Eu não matei o outro.

Encontrei-o morto e comi-o só isso.

Não se pode desperdiçar comida.

E se comesse era mais que natural, os gatos comem pássaros.

Mas se queres que te diga com esta converseta toda já não te vou conseguir matar a ti.

Já quase gosto de ti, meu lingrinhas azulado.

Sabes, se calhar vou ser teu amigo e soltar-te, assim ficas livre e podes voar, queres?

Ah, eu livre?

Eu a voar por ai?

Eu?

Ai, meu Deus, não sei.

Eu gostava mas tenho medo! Disse o passarinho.

O quê? Tens medo de ser livre e voar?

Mas que raio de pássaro és tu?

Para que queres então as asas?

Não é para voar que servem as asas?

Não estou a entender?

Olha, eu quem me dera ter asas e poder voar. Disse o gato com olhar sonhador.

O que eu não fazia!

Lá de cima via tudo muito bem, podia ver onde havia comida e nunca mais passava fome, podia conhecer outras gatas sem ser estas daqui das redondezas, podia fazer mais amigos, podia voar para sítios quentes quando aqui faz frio e nunca mais ia dormir encharcado praí num buraco qualquer, podia partir à aventura e conhecer sítios novos, novas paisagens, arranjar novas brincadeiras.

Quem me dera ter asas como tu e poder voar.

Mas és livre! Piou o passarinho.

Pois sou. Completamente livre e não trocava a minha liberdade por nada.

Tu também podes ser livre, ó escanzelado. Eu ajudo-te.

Abro-te a porta para puderes fugir e depois já podes voar em liberdade.

É só descobrir como se abre e solto-te já. Depois ponho-me a andar que tenho de procurar algo para matar a fome, já que não te vou comer a ti não é, meu azulinho dum raio.

Vamos mas é descobrir como se abre esta coisa.

Espera.

Espera aí. Pediu o passarinho.

Eu não sei se quero ser livre assim dessa maneira.

Se eu for livre quem é que me dá comida?

Quem é que me põe água fresquinha todos os dias?

Quem é que me dá uma casa para me abrigar do frio?

Quem é que me faz um ninho para eu ter filhotes?

Ninguém meu! Respondeu o gato.

Ninguém, claro!

Tens de te desenrascar sozinho.

Mas isso parece ser muito difícil! Piou o passarinho.

Claro que é difícil. Muito difícil, mesmo.

Mas quem é que te disse que ser livre era fácil?

Não é nada fácil mas é muito bom.

Nada se compara à liberdade.

É a única coisa que faz sentido.

Mas só para alguns, pelos vistos.

Sabes Azulinho, eu acho que tu tens asas mas é como se não tivesses.

Nasceste numa prisão e vais ser sempre prisioneiro.

Tens medo da liberdade.

Tens asas mas não queres voar.

O medo é de chumbo, sabias?

De nada te servem as asas quando o peso do medo não te deixa voar.

Tens razão. Disse o passarito com olhos cheios de tristeza.

Mas eu não tenho a tua coragem.

Gostava de ser como tu mas não sou.

Pois não. Disse o gato.

Não és nada como eu.

Somos todos diferentes.

Tu hoje pudeste escolher a liberdade e escolheste ficar prisioneiro.

É a tua escolha. E eu não entendo mas respeito.

Mas quero que saibas que há quem nunca tenha podido escolher, sabias?

Eu nunca sonhei ter essa escolha. Piou o passarito a choroso.

Desculpa, não sou capaz.

Tenho medo.

Muito obrigada gato.

Foste um grande amigo não só não me comeste como ainda me querias soltar. Eu é que sou mesmo um parvo!

Vá, vá, pára lá de te lamentares da tua cobardia, eu prometo que cada vez que passar por aqui venho contar-te histórias do mundo, queres? Perguntou o gato.

Adorava, adorava mesmo. Piou comovido o passarinho.

Antes de ires diz-me como te chamas, ó amigo gato.

Chamo-me Minhanhinhau, amigo azulinho.

Vá gora tenho de me pirar e ir procurar comida, estou mesmo esfomeado.

Adeus, meu lingrinhas medricas.

Adeus, gato forte e corajoso.

O passarito levantou a asa para lhe acenar.

O gato sorriu tristemente.

Pensou que aquela pequena asa nunca saberia o que era voar.

Saltou do varandim e desapareceu voando.

A gata minha amiga conta que o gato, até um dia morrer atropelado, voltou sempre para contar as suas aventuras ao passarinho.

Nunca conseguiu entender porque dava Deus asas a quem não queria voar, mas amava tanto a liberdade que não queria deixar de partilhar um pouco da sua com o seu amigo pássaro, eternamente prisioneiro do seu próprio medo.

Por um lado consolava-o saber que ao menos aquele passarinho tinha podido escolher, por outro entristecia-o pensar que ele escolhera não aproveitar a hipótese de ser livre.

A minha amiga gata contou-me esta história para me explicar que só consegue ser livre quem tem uma vontade de liberdade mais forte que a força do medo.

Eu ouvi a história e concordei.

Era sábia e livre a minha amiga gata.

Quanto a mim, cá estou, ainda a aprender a não deixar que o peso do medo me impeça de voar.


quarta-feira, 24 de março de 2010

a suavidade do tempo
ou mesmo do contratempo.
mãos que dedilham,
em busca de sonoridade.
acordes da vida,
harmonia.
música...
claves muitas,
mas quantas notas se perdem,
ao toque mais suave,
fazendo descobrir e sentir
tons que arrepiam.
oiço,
sons
sempre em consonância com o tempo...
certo.
compassos, bemóis...
vibratos e sustenidos.
por vezes,
pausas
na dissonância
em que perco o tom.
versos em fios submersos
na ascensão
das notas dadas em tantas noites.
na partitura da saudade
o meu alento
é o ritmo que me embala.
busca diária
da
melodia distante
presente nos sonhos,
na musicalidade de novamente
me encontrar no tom!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Espelho meu, espelho meu....

Sou.
Sim, consigo ser tantas vezes,
Quase essas tantas,
Tudo o que posso ser.

Não, nem sempre sou,
Quem quero ou quem sonho,
Mas sou tudo o que posso ser,
Quando o sou,

Sendo tantas vezes apenas,
O ser que me faz ser,
Sendo cada vez mais,
Alguem que tantas vezes,
Nem o espelho sabe quem é.

Sei ser,
Assim complicada,
Na minha simplicidade,
Em palavras e gestos,
Que tantas vezes sei,

Ser assim aliterada,
Alterada na forma como
Estou e sou.
E ser assim,
Desgastante,
Alucinante,
Na velocidade vertiginosa,
Que começa e acaba numa viagem,
Em que o destino me fará ser,
Alguém diferente,
Talvez igual,
Ao que o sonho e o desejo,
Tantas vezes tentam ser.


Estou triste e confusa!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010




A vida é intuição permanente em que se esquece o sonho,
é um desejo desactualizado de formas geometricamente imperfeitas,
um perfil do querer e não saber como o ser,
um corredor de intelectualidades ou talvez banalidades,
é o pensar,
uma razão de amar numa personagem que imita o tempo.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010




Amãnhã vamos fazer um programa a três!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Eu acredito em mudanças.
Não gosto de ficar parada a olhar a vida mudar e eu continuar a passos pequenos.
Eu gosto do que é grande, belo e mutável.
Eu gosto da sensação do dever cumprido e das realidades modificáveis.
Gosto de pequenos gestos que engrandecem o dia.
Gosto das mãos que se encontram.
Gosto de beijos e abraços sinceros.
Gosto de carinho e amor verdadeiros.
Ah, e gosto de AMIGOS - os POUCOS E BONS - aqueles que me conhecem e me amam de qualquer modo. Não faço amigos por conveniência ou para somar números.
Afinal, não são os números que vão me acolher na tempestade, são os leais - em quem posso confiar.
Não gosto de pessoas que falam meias-verdades só para ferir - esse é o recurso dos pequenos, daqueles que não têm argumentos.

Gosto de pessoas GRANDES, de alma e coração enormes.
Aqueles com HIPERTROFIA DE ALMA pois fazem o dia mais bonito.
Gosto quando sou espontânea e o sorriso sai fácilmente, e também quando me deixam à vontade para continuar assim.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Mundos Mudos

Mundos Mudos


Porque é que ás vezes as palavras são tão importantes?
Porque não basta saber que somos recordados pelo que somos e fomos?

Porque é que contra todos os gritos da alma e choros do coraçao calamos?
Porque é que independentemente do que sentimos, o sofrimento é lugar comum?

Porque é que querer nao basta?
Porque é que acreditar nao chega?

...

Porque?

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Mau tempo!




Sempre aprendi com as tempestades.
E, quando as tormentas abatem, o que nos resta é aproveitar aquela água toda.
Matar a sede.
Acabar com os incêndios internos.
Abrir uma fonte pública.
Tentar transformar as nuvens.
Até que, enfim, um arco-íris possa luzir no céu da alma.

Há dias em que tudo o que não esperamos bate à porta.
E nós, que não pensavamos mais em repetições, nos vêmos no meio a uma projeção de factos que já aconteceram.
O melhor é então dar um final diferente aos desejos e medos.
Cobrir de coragem a mente.
Abrir a marcha.
Tomar as rédeas do "destino".

Fechar os olhos.
Desatar os nós.
As coisas são difíceis mas nunca indissolúveis.
Para todas as substâncias há um solvente.

E para tudo se encontra solução.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010




E porque não voar? Porquê? Porquê ficar com os pés bem assentes no chão, a morrer de medos e a viver na segurança que uma batida de coração pode quebrar? Porquê aspirar ao finito, porquê respirar apenas um pedacito de tudo o que há em nós?
Sim, quero saltar, para lá das nuvens, sem rede de segurança, sem medos, sem limitações... sim, eu sei que tudo muda, que tudo passa, mas com o tempo também nós passamos e mudamos, e quem sabe mudamos para a face que sabemos ser a outra metade do desejo, da paixão... do amor.
Sim, que sabe o que seremos, o que venceremos, ou às derrotas que sofreremos... quem sabe se os projectos se vão forjar ou fracassar perante esforços ou falta deles... e tudo isso a mim não me atormenta, porque sim, que quero voar... porque sim, eu acredito que somos mais... porque eu sei. e estejas onde estiveres, e esteja eu onde estiver, com quem estiver e independetemente do que estiver a fazer, tu estás sempre comigo... no pensamento e no coração.


vamos voar?

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Mais um ano!

O tempo passa.

As pessoas desenham os seus caminhos ao longo do tempo, percorrem-nos e não chegam a lado algum. No fim do caminho começa um novo e o ciclo repete-se. Andamos às voltas numa busca constante de uma quimera em que muitas vezes nem sabemos para onde queremos ir.

Sobreviver não basta. Viver nem sempre surge com a naturalidade de ser. Eu posso ser, sobrevivendo. É bem diferente de viver a ser.

De tempos a tempos, surge a oportunidade de reflectir. A oportunidade de olhar para trás. Analisar rotinas, analisar factos puramente históricos que ninguém gostaria de reviver. Da-mos graças pelo que temos, somos felizes. e ainda assim... não chega.

Queremos sempre mais, traçamos sempre novos caminhos e na azáfama de fazer, guardamos na caixinha do "para mais tarde abrir" segredos e nuances que nos identificam e nos tornam únicos.

Prescindimos do ser pelos nossos deuses: dinheiro, luxo, fama, preconceito e consciência retorcida que fomos construindo nos nossos caminhos.

E agora? Sobrevivemos, esperando um dia sermos aquele/a menino/a de um par de anos a brincar no chão da cozinha, alheio-os ao lobo mau... Até chegar a hora de ir dormir e acordar para o mundo real.


Ainda não vos tinha desejado um feliz ano novo, pois não!